Fernando Diniz aponta o que não funcionou no Fluminense, avalia trabalho no Cruzeiro e fala da Seleção
Fernando Diniz aponta o que não funcionou no Fluminense, avalia trabalho no Cruzeiro e fala da Seleção
- Livre, Diniz comenta momentos importantes da carreira e diz que ainda sonha em voltar ao comando da Seleção
- “Foi um trabalho estagnado”, diz técnico sobre passagem pelo Cruzeiro
Por Antonio Mota | 6:36 PM GMT-3
À disposição do Mercado da Bola desde os últimos dias do primeiro mês da temporada, quando deixou o comando do Cruzeiro, Fernando Diniz concedeu entrevista ao “Abre Aspas”, do ge, publicada nesta sexta-feira (25), e abordou diversos temas que o acompanham. O treinador falou sobre como enxerga o futebol, deu sua versão acerca de como “divide opiniões” e até contou detalhes da passagem pela Seleção Brasileira.
“Eu gosto muito mais de ganhar do que essas pessoas que só querem ganhar. No futebol, as pessoas só enxergam o resultado final. Não conseguem reconhecer quem trabalha, quem é talentoso, quem é bom”, declarou o treinador de 51 anos, que avançou em outros assuntos e revelou até que morreria feliz ao lado de campo de futebol.
“Se eu precisasse morrer no campo, morreria feliz, porque eu tenho consciência da morte, eu vou morrer um dia, então eu entrego tudo aquilo que eu posso entregar […] Quando tem críticas de fora, eu escuto, mas o poder de entrega que eu tenho é muito grande. Eu consumo futebol, eu vivo futebol, eu amo futebol.”
– Fernando Diniz
Diniz também destacou que prefere elogios de algo profundo do que 100 elogios pelo superficial. “Quando ganha é uma validação, quase tudo está certo. Isso é um erro muito grande, eu acho. Às vezes, quando ganha, tem ainda mais coisas a melhorar do que quando perde, mas ganhar e perder define muito quem é bom e quem não é bom”.
O treinador ainda apontou erro que pode ter atrapalhado sua sequência no Fluminense, onde conquistou uma Conmebol Libertadores, um Carioca e uma Recopa Sul-Americana. “Se eu tivesse conseguido no Fluminense implementar mais aquilo do que eu penso, teria mais chance de continuar ganhando”, expôs, antes de completar:
“É que, infelizmente, quando ganhou a gente deixou de acreditar e se dedicar mais ao trabalho que ganha para ficar colhendo os frutos da vitória. E aí você para, por isso que não termina. Talvez ali poderia ter sido só um começo de ter uma era ainda mais vencedora do que aquela que foi no Fluminense”, acrescentou.
“Aquele Fluminense do outro ano (2024) precisava de ainda mais trabalho do que teve em 2023. […] Se você não melhora sua capacidade de trabalho… Você é um time mais visto, as pessoas vão ter mais desejo de ganhar de você, então tudo fica mais difícil para fazer a manutenção. O que é o certo? Conseguir melhorar. Com jogador, trazendo mais gente fresca e, no trabalho em si, dar um jeito de falar: nós não temos tempo para comemorar, precisamos seguir adiante. E é super difícil.”
– Fernando Diniz
Em outro momento da entrevista, Fernando Diniz também falou sobre os desafios no comando da Seleção e revelou que foi demitido por telefone. “Primeiro o presidente Ednaldo procurou o Mário e depois me procurou, por telefone. A maneira do desligamento não foi a melhor. Com certeza não foi a melhor. Eu acho que tinha que ter uma conversa e é direito total do presidente de mudar, a responsabilidade é dele, mas o desligamento poderia ter sido feito de outra forma”, contou.
Apesar dos desafios e do fim sem sucesso, o treinador também afirmou que imaginava que o trabalho funcionaria, mesmo conciliando o Fluminense e a Seleção.
“Eu sempre acreditei que iria dar certo. Acho que dependia muito da relação com os jogadores, de como que você consegue se conectar com eles e treino. Com a qualidade que tinha a Seleção e da maneira que eu trabalho, a chance de dar certo, para mim, era muito grande. Essa coisa que não é do campo você não tem controle absolutamente nenhum, ainda mais eu acumulando as funções da Seleção e do Fluminense. Mas eu acreditava muito no trabalho do campo com os jogadores”.
Na entrevista, entre outros temas, Diniz também falou que gosta muito de trabalhar, mas garantiu que está bem. Além disso, contou que ainda sonha em voltar ao comando da Seleção.
Sobre o trabalho no Cruzeiro: “Não aconteceu”
Questionado sobre frustrações e arrependimentos, Fernando Diniz falou que não tem nenhum arrependimento, uma vez que “os trabalhos que você não consegue executar acabam gerando um monte de aprendizado, e para mim é o que vale”. Porém, citou o Cruzeiro como um “trabalho que não aconteceu”.
“No Cruzeiro não teve nenhum momento brilhante. Em todo lugar que eu fui desde o começo da minha carreira teve pelo menos um momento brilhante, de ganhar quatro ou cinco jogos seguidos, fazer goleadas. O Cruzeiro era muito trabalho, eu trabalhei muita coisa, muito, e o time às vezes jogava bem, não ganhava. E as vitórias sempre geram um pouco mais de confiança. Foi um trabalho estagnado”, contou.
Leia mais do futebol brasileiro em:
feed